Administração de hospital: menos margem para erros, mais inteligência Por Carlos Alberto Muller, consultor independente de processos e negócio em 6 de junho de 2017 No livro “Big Data: como extrair volume, variedade, velocidade e valor da avalanche cotidiana das informações”, de Viktor Mayer-Schönberger e Kenneth Cukier, o primeiro exemplo utilizado sobre a aplicação da nova tecnologia de extração e análise de dados é justamente dentro do setor de saúde. Como a administração hospitalar pode implementar e se beneficiar com isso? Antes de tudo, vamos contar a história selecionada por Mayer-Schönberger e Cukier sobre previsão e propagação de epidemias para entender melhor como o segmento pode se aproveitar das soluções inovadoras que estão surgindo. Confira na sequência. Em 2009, um novo vírus, o H1N1, foi descoberto e, em pouco tempo, se reproduziu pelo mundo. A gravidade da situação era enorme e não havia vacina para combatê-lo. Por isso, retardar o seu alcance era a alternativa mais viável. Nos Estados Unidos, os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), solicitaram que todos os casos fossem reportados. O problema é que a força-tarefa de repasse estava sempre com uma ou duas semanas de atraso. O que significa isso não só para a administração hospitalar, mas para toda a população? Que a transferência lenta de dados e a computação apenas semanal não poderiam auxiliar a obter um verdadeiro panorama do que estava acontecendo e a tomar decisões estratégicas. Antes do H1N1, engenheiros do Google realizaram um experimento com a detecção e prevenção de outra doença, a gripe de inverno. Com a quantidade de dados recebidos diariamente, ultrapassando os bilhões, e os apontamentos do CDC, os profissionais da empresa de tecnologia conseguiriam fazer as correlações corretas e extrair informações. Com o auxílio de alguns milhões de modelos matemáticos, puderam fazer uma comparação com os registros do CDC de 2007 e 2008. O programa conseguiu obter cerca de 45 termos que batiam com a infecção. Dessa forma, em parceria, foram capazes de apontar pontos focais de infecção de forma quase instantânea. Por essa razão, em 2009, com o H1N1, já havia um sistema muito mais eficaz para fornecer indicadores e auxiliar no planejamento de prevenção e combate. É um processo que vai desde a administração hospitalar, envolve tecnologia, impacta na área assistencial e, consequentemente, volta para as instituições de saúde. A tecnologia tem se mostrado uma aliada de peso na administração hospitalar. Além da extração e cruzamento de dados para obter informações de qualidade, há uma série de tendências de healthcare IT. Outra dica importante é estar lado a lado com um sistema de gestão que torne a administração hospitalar mais eficaz. Por esse motivo, sugerimos também o material educativo “O segredo do sucesso da sua instituição está em um sistema de gestão eficaz”. O que é inteligência para a administração hospitalar? Sem dúvida, o big data irá se tornar fundamental para a administração hospitalar em pouco tempo. Contudo, é possível dizer que ainda estamos dando os primeiros passos em direção a soluções deste porte. Em resumo, as instituições de saúde estão correndo atrás de inteligência para trazer novos recursos para o hospital, obter uma qualidade maior dos dados e contar com parceiros. Mais uma vez, os dados aparecem na realidade que a administração se encontra e que precisará se preparar para o futuro. A partir de uma conscientização de que se trata de uma situação em que todos ganham, será possível, mantendo o sigilo necessário das referências divulgadas sobre os pacientes, unir governo e hospitais. A qualidade das informações se aprimora, ou seja, com o início do cruzamento entre privado-público e privado-privado, o potencial de prevenção e criação de procedimentos mais eficazes aumenta de forma assombrosa. Atualmente, existem algumas fontes que realizam o cruzamento e análise dos resultados. Uma delas é a Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) que traz, mesmo que de forma limitada, percentuais sobre as instituições hospitalares privadas. Hoje, há uma série de formulários que identificam as variáveis de desempenho, segurança e protocolos assistenciais. Com maior amplitude e mais fontes, a administração hospitalar consegue solucionar uma série de pendências rotineiras e obter um melhor retorno sobre o investimento. A começar pelos próprios dados internos, há possibilidade de definir o público-alvo, faixa etária, quais as doenças mais comuns apresentadas em períodos diferentes, se há mais consultas ou procedimentos cirúrgicos e quais são as áreas mais demandadas. Um exemplo bastante prático de como a administração hospitalar pode iniciar no universo do big data é, ao identificar qual o público e as demandas, analisar os números para fazer os investimentos corretos e diminuir custos desnecessários. Se há 500 cirurgias mensais e 200 delas são procedimentos estéticos, é um evento que ocorre faz 6 meses e se mostra numa curva crescente, é de se pensar em investir mais nessa área. Por outro lado, se há um setor que não apresenta tantas ocorrências, a administração pode analisar qual o panorama ideal para aquela situação, avaliando se há um equipe numerosa, quais são os médicos, os cirurgiões, etc. Se isso pode ser feito apenas com dados internos, imagine o que o cruzamento de diversos hospitais e instituições conseguem: identificar períodos de epidemias, investir em medidas preventivas, realizar comparativos de eficiência de métodos e muito mais. Novamente, cabe enfatizar que estamos apenas no início do que seria um processo de implantação de big data. Entretanto, a administração hospitalar precisa estar atenta aos recursos e tecnologias emergentes. Serão tais soluções que permitirão diminuir os problemas. Sem subsídios para conseguir enxergar o que deve ser feito daqui para frente, o administrador hospitalar fica de mãos atadas ao que se refere ao futuro do mercado e no que ele pode apostar sem medo de errar. O big data pode não ser a solução para tudo, mas fornecerá insumos para que muitas situações sejam evitadas ou contornadas. Além de permitir que a gestão esteja de olhos cada vez mais abertos para o que virá. Há tendências para saúde que já se concretizaram, mas há outras, como o big data, que ainda estão em formação. Então, achamos válido recomendar o artigo “4 tendências tecnológicas para saúde” e avaliar o que vem sendo colocado em prática na sua administração hospitalar e o que ainda pode ser implementado. Dentro disso, o Business Intelligence também tem se tornado indispensável dentro do horizonte dos gestores, assunto que abordamos em “A importância do Busines Intelligence na gestão da saúde”. Ainda assim, não perca de vista o big data, pois ele é na base da maioria das tecnologias inovadoras do mercado. Como falamos, o big data engloba muitas soluções e fontes que ainda estão indisponíveis para a administração hospitalar. Porém, nada impede, que os gestores comecem a ouvir os dados que possuem dentro do próprio hospital. Mesmo com uma limitação de atuação na prevenção de determinados surtos em outros locais ou uma área maior. Ainda assim, dentro da instituição, pode-se analisar os períodos anteriores e se preparar para o que está vindo. As aplicações não se limitam ao assistencial, mas envolvem também a logística e o atendimento ao cliente desde a recepção. Você está escutando os seus próprios dados? Prepare-se para o futuro! 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